quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Liberdade Moderna

Vou falar agora sobre pequenos fatos que fazem do Brasil um país não democrático e mais que isso, escravista.

Primeiro de tudo gostaria de advertí-los para uma diferença do "estar livre apenas das correntes" e o "estar livre de fato". Algumas vezes simplesmente por não termos mais correntes amarradas ao corpo, por não sermos Índios ou Negros como eram os típicos escravos da colônia, não nos sentimos escravos. Porém certas situações nos fazem escravos sem amarras.

Um exemplo histórico, acontecido em vários lugares do globo e não só aqui, foi o fato de muitos imigrantes que vieram ao Brasil, tornaram-se escravos por dívida.

É uma situação simples de explicar, você põe uma arma na cabeça de uma pessoa e pergunta se ela quer viver. Simples porém horrível.

Para você escravizar alguém por dívida, a arma é: emprestar dinheiro da qual a pessoa jamais será capaz de pagar. E não é só isso. Você também precisa criar nela a esperança de que irá conseguir pagar. Aí você é questionado: então, você vai pagar o que me deve ou prefere ser preso? Fica entre o "ruim" e o "pior ainda"!

Para isso você se aproxima da ingenuidade da pessoa somado à alguma situação que a deixe sem saída. No caso daquela época, muitos estavam vivendo na Europa em péssimas condições e viam no Novo Mundo, vulgo Américas, uma saída para seus problemas. Eram muitas promessas de uma vida nova, uma forma de apagar o passado sujo de alguns, entre outras coisas. Então faziam um acordo no qual pagariam a viagem trabalhando quando chegassem em terra.

Chegando aqui, logo descobriram que foram ingênuos e que não estavam no paraíso, e mais, nada havia mudado. Continuavam sem autoridade pelas próprias vidas numa situação de uma dívida que nunca se acabaria e seriam eternos devedores. Por mais que travalhassem, o ganho nunca seria capaz de pagar o que deviam, tornando-se escravos por dívida.

Há um detalhe. Devedores políticamente corretos. Escravos assegurados pela lei, pelo acordo feito entre ambos.

É importante lembrar que há leis injustas. Leis que não observam o ser humano como ser pensante, com direito à vida.Ambos buscavam vantagem no acordo. Porém o acordo no decorrer da realidade, demonstrou que só um teria vantagens. E uma vez que esta lei beneficia um lado, este se negará aos efeitos negativos causados aos outros. Ou melhor, o legislador não vê maldade em si porque entende que o “escravo por dívida” ESCOLHEU aquilo. Não há revisão de contrato.

Este escolher não passa de um truque que engana os nossos sentidos e nos livra da CULPA que deveriamos sentir por colocar nossos iguais em situações de desigualdade.

Dito isto, quero falar agora que este raciocínio continua em voga.

Dizem que vivemos numa Democracia, em uma República, que a lei emana do POVO! Porém estamos cercados de idéias de escravidão.

O Povo, é verdade, VOTA, Ele pode escolher. Mas é OBRIGADO a escolher. O voto é obrigatório. Veja a contradição inerente deste ato. Por um lado ele te dá liberdade. Por outro, paradoxalmente, te obriga a ser livre. Um pássaro obrigado à voar não é um pássaro livre.

Nós pagamos IMPOSTOS. Somos livres para pagar algo que nós é IMPOSTO! Creio novamente vivermos um paradoxo. Se você é imposto não é livre.

Mas agora o que eu quero que fique claro, mas muito claro, é o SENTIMENTO que temos, o sentimento que nos faz sentir que fomos obrigados a fazer algo. Que não basta mudar a PALAVRA para resolver isso. Não basta mudar de IMPOSTO para TAXA.

O importante de se observar é que nos sentimos roubados ao pagar os IMPOSTOS. Este sentimento de ser ROUBADO é a prova real de que somos apenas escravos. Porque pagamos por um governo e percebemos que se não tivessemos pago nada teríamos dinheiro para o hospital que não vemos quando esse dinheiro é empregado em impostos.

Pagamos através do imposto para termos hospitais gratuitos os quais não vamos e em consequência pagamos de novo quando vamos à um médico particular para suprir à falta do primeiro. Esse duplo pagamento está em toda nossa vida. Pagamos através do imposto pela escola pública a qual não utilizamos e pagamos em dobro para ver nossos filhos em colégios particulares, longe do ensino negligenciado das escolas públicas atuais.

Somos ingênuos. Pagamos tudo em dobro. Quando não o TRIPLO!

Você paga através do imposto pela polícia do governo e tira do seu bolso o segurança particular da sua rua e pelos alarmes dos carros e casas. Ahhh, e em quarto lugar, pelo SEGURO do carro e da casa. Veja só, tudo isso que você paga em quatro contas diferentes são a evidência de que nosso sistema anda mal. Se há violência é porque há maus tratos. O homem mal tratado se rebela. E isso significa rebelar-se contra nós mesmos.

E a consequência final desta liberdade moderna?

Ao longo da vida, conversando com as pessoas, vi que o pobre brasileiro vive numa contradição. Ele trabalha muitas horas do dia. Para crescer na vida sabe que precisa estudar. Para estudar precisa de dinheiro. O dinheiro do trabalho é todo voltado para as contas e necessidades básicas de alegria comuns à todos nós humanos, em geral resumidos em churrasco, passeios ao shopping e televisão, que são formas econômicas de fingir que se está vivendo quando na realidade se está parado observando o mundo. Afinal, olhar a TV e o Shopping não gasta dinheiro. Nem sexo. Prazeres econômicos são o lazer o povo. E para conseguir enfim o dinheiro dos estudos, ele trabalha mais, quando consegue. E quanto mais trabalha, mais fica sem tempo e então não pode estudar. Mas o fato é que na maioria das vezes, sequer consegue dinheiro para uma universidade. O típico brasileiro de classe popular hoje pagaria numa universidade algo proporcional à renda de toda uma família.

E são dentro de paradoxo como esse que fazem o brasileiro ESCOLHER não estudar. A palavra escolha nos dias atuais são a maior ESCRAVIDÃO jamais vivida.
Através da escolha que dizemos “dar” aos outros conseguimos enganar a nós mesmos que não os estamos manipulando.

O indivíduo sem educação é como uma criança pequena. Ela tem todas as capacidades para trabalhar, mãos, pernas, inteligência, raciocínio, mas ela ainda é só uma criança. É imatura, despreparada. Está sendo preparada. Ninguém é idiota de dizer que o bebê escolhe mamar ao invés de trabalhar.

E enquanto criarmos uma sociedade imatura, estamos criando uma sociedade de escravidão.

Uma escravidão que se constrói em leis paradoxais, em indivíduos fragilizados por sua condição existencial e com o aval da justiça, que bate seu martelo condenando inocentes com a grande mentira que é a preciosa, desejada e sonhada ESCOLHA! Mas a escolha verdadeira, sem manipulação! É esta que imploro que façam para que aconteça! E lutemos para vê-la acontecer!!

É isso!

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